Baterista do Red Hot Chili Peppers relembra 29 anos de banda e diz que novo CD está a caminho
Anthony Kiedis, vocalista do Red Hot Chili Peppers, canta durante show da banda norte-americana em Santiago, Chile. O grupo está em turnê do disco "I'm with you" (17/9/2011)
Em 1988, quando Chad Smith chegou para fazer um teste para entrar no
Red Hot Chili Peppers, uma coisa chamou sua atenção. "Eu me lembro de
ter pensado: 'Esses caras são baixinhos'", lembra o baterista rindo. "Eu
olhava para as capas dos discos deles e pensava: 'Esses caras vão ser
uma tremenda banda de sucesso'. E então eu entrei lá e eles eram
baixinhos, e eu muito mais alto que eles. Foi um pouco estranho".
Durante os 29 anos desde que o primeiro disco deles foi lançado, os Red
Hot Chili Peppers venderam mais de 80 milhões de álbuns em todo o mundo
e ganharam sete prêmios Grammy. Entre seus sucessos de rádio estão
hinos como "Under the Bridge" (1991), "Give It Away" (1991), "Otherside"
(2000), "Californication" (2000), "By the Way" (2002) e mais. A mistura
de funk, punk, hip-hop e rock melódico forneceu um modelo criativo
aberto para as gerações subsequentes de bandas.
Nem o grupo --que atualmente conta com os cofundadores Anthony Kiedis
no vocal e Flea no baixo, além do guitarrista Josh Klinghoffer-- está
descansando em seus louros. Mesmo ao entrarem para Hall da Fama do Rock
and Roll como parte da turma de 2012, os Chili Peppers estão na estrada
promovendo seu 10º álbum de estúdio, "I'm With You", que estreou em
agosto do ano passado no 2º lugar da parada Billboard.
"É emocionante, cara", diz Smith, de 50 anos, falando por telefone de
seu apartamento em Nova York. "Se você chegasse para mim e dissesse:
'Ei, você vai se mudar para a Califórnia, entrar para os Chili Peppers,
vender milhões de discos, viajar por todo o mundo, e 25 anos depois vai
entrar para o Hall da Fama do Rock and Roll', eu diria: 'Você tá
totalmente chapado!'. E aqui estamos".
Chad Smith
Sucesso com drama
A aventura dos Chili Peppers começou no início dos anos 1980, quando Kiedis, Flea, o guitarrista Hillel Slovak e o baterista Jack Irons, que eram amigos na Fairfax High School de Los Angeles, começaram a tocar juntos como Tony Flow and the Miraculous Mates of Mayhem. O guitarrista Jack Sherman e o baterista Cliff Martinez entraram na banda para o autointitulado primeiro álbum dos Chili Peppers, em 1984, mas "Freaky Styley" (1985) trouxe Slovak, enquanto Irons chegou para gravar "The Uplift Mofo Party Plan" (1987).
O grupo recebia bastante atenção da imprensa, lembra Smith, mas apenas
como um "tipo de banda underground universitária. Ela não era a 'Grande
Banda de Rock'". O sucesso da banda quase deixou de acontecer. Slovak,
na época com 26 anos, morreu de overdose de heroína em 1988. Um Irons
pesaroso deixou o grupo, mas Kiedis e Flea decidiram seguir em frente,
recrutando Smith e o guitarrista John Frusciante, na época com apenas 18
anos, para substituírem Irons e Slovak.
As mudanças deram ótimos frutos. "Mother's Milk" (1989), o primeiro
álbum da nova formação, recebeu disco de platina e vendeu mais de 2,6
milhões de cópias em todo o mundo. "Blood Sugar Sex Magik" (1991)
recebeu sete discos de platina, com 15,2 milhões de cópias vendidas
mundialmente, dando início a uma série de álbuns multiplatinados que
incluem "One Hot Minute" (1995), "Californication" (1999), "By the Way"
(2002) e "Stadium Arcadium" (2006).
Mas o sucesso não veio sem drama, devido a questões de saúde, problemas
de abuso de substâncias e, mais notadamente, a saída de Frusciante em
duas ocasiões separadas, mais recentemente em 2009. Felizmente, diz
Smith, "Klinghoffer já estava na órbita dos Chili Peppers", tendo tocado
em alguns dos álbuns solo de Frusciante e feito turnê com o grupo como
músico de apoio. "Quando pensamos em quem chamar para tocar guitarra foi
algo como: 'Que tal esse cara? Nós já namoramos, não é? Então vamos nos
casar'", lembra Smith rindo.
As sessões de "I'm With You", as primeiras de Klinghoffer com a banda,
foram algumas das mais tranquilas que os Chili Peppers já fizeram, diz
Smith. "Nos últimos álbuns, em 'Stadium Arcadium' e certamente em 'By
the Way', Flea e John (Frusciante) sempre disputavam quem era a força
criativa da banda. É o que acontece quando você tem personalidades muito
fortes e pessoas muito criativas, mas somos uma banda bastante
democrática e sempre foi assim".No Hall da Fama
O anúncio do Hall da Fama veio enquanto os Chili Peppers estavam
concentrados em "I'm With You", o que contribuiu para uma sobreposição
estranha entre o passado da banda e seu presente bastante ativo. "Não
conversamos muito sobre isso. Soubemos a respeito (do Hall da Fama) no
mesmo dia que soubemos que tínhamos sido indicados para o Grammy de
Melhor Álbum de Rock. Foi o dia dos prêmios, mas nossa reação foi 'que
legal. Isso é ótimo', mas não mais que isso".
Klinghoffer, de 32 anos, é o integrante mais jovem a ingressar no Hall
da Fama, o que agrada aos Chili Peppers. Eles também não se incomodam
com a decisão de Frusciante de não participar da cerimônia, acrescenta
Smith. "Ele não se sentiu à vontade, o que respeitamos. Nós o
convidamos, ele agradeceu o convite, mas preferiu não ir. Tudo bem. Ele é
o tipo de sujeito que, quando termina algo, apenas quer seguir em
frente na próxima fase de sua vida. Os Chili Peppers não estão no radar
dele no momento".
Mas a ausência dele não diminuiu a celebração em Cleveland, no dia 14
de abril. "Estou muito satisfeito com ela", diz Smith. "Música não é uma
competição. Sim, é bom ganhar Grammys e coisas assim, mas isto é
diferente. Não se trata do sabor do mês, é algo por uma longa carreira
que fomos suficientemente afortunados em ter. As pessoas que estão lá...
Não é brincadeira".
Novo disco à espera
A campanha de "I'm With You" atingiu um obstáculo quando Kiedis teve
que se submeter a uma cirurgia no pé para reparar algumas lesões
antigas. O grupo foi forçado a adiar sua turnê pela América do Norte,
mas isso deu ao restante da banda tempo para iniciar novo material.
"Nós ensaiamos e então pintaram algumas ideias para canções e coisas
assim, e tocamos juntos por duas semanas. Foi realmente divertido. Tudo
saiu ótimo --fluente e realmente natural, como se estivéssemos tocando
juntos há um bom tempo, que foi o que aconteceu. Nós enviamos os CDs
(para Kiedis) e ele disse: 'Eu adorei o material! Soa incrível. Eu
adorei os novos jams!'".
O baterista espera que, como resultado, o próximo álbum dos Red Hot
Chili Peppers saia em um prazo menor do que os cinco anos que separaram
"Stadium Arcadium" e "I'm With You", ou os quatro anos entre "By the
Way" e "Stadium Arcadium".
"É o que eu espero. Cheguei em casa e disse para eles: 'Ei, pessoal,
estarei aqui por duas semanas. Vamos nos reunir para tocar?' E todo
mundo disse, 'Sim! Vamos tocar!'. Isso é bom para tudo. É bom para o
moral, é bom para o futuro. O futuro é promissor". (Tradução: George El
Khouri Andolfato)
*Gary Graff é um jornalista free-lance baseado em Beverly Hills, Michigan.
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